A Conferência Territorial de Cultura da Chapada Diamantina, realizada na cidade de Lençóis nos dias 12 e 13 de agosto, resultou na elaboração de sete propostas para o fortalecimento da cultura e das políticas para o setor no território. As proposições foram definidas após a reunião de três grupos de trabalho envolvendo os participantes do evento, em especial, artistas, agentes culturais e atores do poder público da região, e validadas em plenária.
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Plenária da Conferência Territorial de Cultura da Chapada Diamantina 2013. Foto: Ascom/Secult-BA |
De acordo com os delegados que participaram do encontro – eleitos nas conferências municipais de cultura realizadas no território – e os observadores inscritos na conferência territorial são prioridades para a cultura da Chapada Diamantina:
1) A criação de um espaço-equipamento multi-linguagem territorial-móvel itinerante com uma programação territorial, com gestão em rede, para fomento da circulação, produção e formação cultural, em parceria com os centros de cultura, pontos de cultura, e outras organizações integrando as comunidades e os municípios.
2) Prioridade máxima para a facilitação do acesso e transferência direta de recursos públicos para as culturas tradicionais (griôs e mestres), organizações, artistas, e pontos de cultura com referência nos textos originais, conceitos, mecanismos, programas educativos culturais e sociais e marcos regulatórios construídos pela sociedade civil na Lei Griô e Lei Cultura Viva, aprovados como prioridades máximas na conferência nacional 2010.
3) Articulação regional com o apoio do poder público estadual, federal e a academia voltada para o mapeamento em parceria com a comunidade e salvaguarda do patrimônio material e imaterial do território, com valorização das estradas reais, dos terreiros de jarê (e todas as demandas já priorizadas nas conferencias anteriores) além de educação patrimonial de forma continuada. (Obs: elaboração de metodologia simplificada para levantamento e registro dos bens culturais de cada município, e possibilidade de aplicação pelo município com apoio do poder público).
4) Transformação e potencialização de espaços públicos ociosos e casas de cultura em cada município, equipando-os e adequando-os para ações culturais; e a criação de um agendamento de pautas transparentes com acesso de toda comunidade.
5) Garantir que o Estado mantenha uma assessoria técnica para implementação e consolidação dos sistemas municipais de cultura.
6) Capoeira como campo setorial.
7) Organizar e divulgar o calendário cultural de ações existentes no território para integração entre os municípios, e criar uma rede de diálogo virtual, que culmine com o encontro anual de culturas da Chapada Diamantina.
Além dos dezenove delegados da sociedade civil eleitos nas conferências municipais de cultura na Chapada Diamantina para representarem seus municípios durante a Conferência Estadual de Cultura da Bahia (a ser realizada entre os dias 10 e 12 de outubro, em Feira de Santana), durante a Conferência Territorial de Cultura do território foi definida a eleição de mais cinco delegados da região para a etapa estadual. Melissa Zonzon (Palmeiras), Gilvânio de Souza Santos (Bonito) e Solange Souza Lima (Lençóis) representarão a sociedade civil na conferência estadual, enquanto Carlos Alberto da Silva (Bonito) e Zalmí de Souza Marques (Piatã), representarão o poder público da Chapada Diamantina.
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Delegados titulares e suplentes da Chapada Diamantina eleitos para a Conferência Estadual de Cultura. Foto: Ascom/Secult-BA |
Outros sete agentes culturais do território foram eleitos para representarem a Chapada Diamantina nas conferências setoriais de cultura do Estado, que ocorrem durante o mês de setembro, na maior parte, em Salvador. Cristina Nishimore (Palmeiras) deverá participar da conferência setorial de Circo; Tácio Santos Gomes (Lençóis) da conferência de Dança; Maurizio Morelli (Rio de Contas) da conferência de Espaços Culturais; Magniel Souza Silva (Andaraí) da de Música; Manoel Fernandes Pinto (Rio de Contas) da conferência de Patrimônio Cultural; Dauan Santos da Silva (Lençóis) de Teatro; e Raimundo Nonato Santana, o Mestre Lua Santana (Morro do Chapéu), da conferência de Cultura Afro Brasileiras.
Cento e quarenta e quatro pessoas participaram da Conferência Territorial de Cultura da Chapada Diamantina. Os setores que tiveram a maior representatividade de inscritos no evento foram: Cultura Popular, Dança, Música, Espaços Culturais, Patrimônio Cultural, Audiovisual, Circo e Cultura Afro Brasileiras.
Conferência territorial – Já no início da Conferência Territorial de Cultura da Chapada Diamantina o superintendente de promoção cultural da SecultBA Carlos Paiva, destacou a representatividade da mesa de abertura do evento. Entre os participantes, estavam o presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia e presidente do Conselho Nacional de Políticas Culturais, Márcio Caires (Lençóis), e o vice-presidente da Associação dos Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (Adimcba), Emílio Carlos Ribeiro Tapioca.
“Por conta da Chapada Diamantina ser um território culturalmente rico, a conferência reuniu desde questões como patrimônio, e como é que cada ente tem que se posicionar em relação a essa riqueza, a memória, até a questão, por exemplo, da rica cultura popular presente na Bahia e também presente aqui no território e a forma como o estado precisa evoluir para lidar com essa realidade, simplificando sua forma de acesso aos programas de fomento, prestação de contas”, afirmou Paiva.
No ponto de vista do superintendente, a conferência trouxe mais uma vez à tona questões que o poder público não consegue resolver plenamente: “É importante não perder isso de vista para o Estado avançar no que é necessário”, completou.
Durante a conferência territorial a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA) apresentou ao público as devolutivas para as demandas das conferências anteriores, direta ou indiretamente atendidas pela secretaria e/ou poder público municipal. Entre as opiniões dos participantes foram feitas considerações sobre as ações previstas para o território, como a criação de concursos de artes, fotografias, e poesias incentivando a comunidade com premiação de bolsas. Além disso, questões relativas aos projetos da Secult-BA foram criticadas, como o atraso de repasse de verbas dos editais e o acompanhamento dos Pontos de Cultura.
Sobre os Pontos de Cultura, a representante da Superintendência de Desenvolvimento da Cultura (Sudecult), Gleise Oliveira, explicou que cada ponto está em um momento diferenciado de execução e, com isso, alguns não receberam toda a verba prevista para o período de três anos. “Enquanto tem pontos de cultura no primeiro ano de execução, outros já estão concluindo o convênio. Isso não impede atrapalha, no entanto, o principio de empoderamento ao público, previsto no edital”, explicou.
Parcerias – A Conferência Territorial de Cultura da Chapada Diamantina foi promovida pela Secult-BA e contou com o apoio da Adimcba, do Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô, Maria Mel, além de diversos parceiros da cidade de Lençóis. (Com informações da Ascom/Secult-Ba)