O sítio arqueológico Lagoa da Velha, localizado no município de Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, receberá uma equipe de especialistas na próxima semana para a realização de escavações. A atividade faz parte da 2ª etapa do projeto Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA),
através de convênio entre o IPAC e o departamento de Antropologia da
Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Foto: Circuitos Arqueológicos/IPAC |
De acordo com o coordenador técnico do projeto e professor da UFBA, Carlos Etchevarne, o sítio de Lagoa da Velha integra a mesma formação geológica que abriga a Serra das Paridas, em Lençóis, e que se estende por outros municípios, como Palmeiras e Utinga. “Tentaremos fazer novas descobertas para entender as populações que habitavam essas áreas”, diz Etchevarne. Outro objetivo é estudar as pinturas rupestres encontradas.
Grupos humanos – Criado em 2010, os ‘Circuitos’ propõem ações desenvolvimento econômico-sustentável para esses municípios baianos a partir de roteiros culturais e naturais. “Na primeira etapa, o projeto sensibilizou 1,8 mil pessoas, treinou 450 multiplicadores, mapeou 67 sítios de pinturas rupestres, promoveu 43 oficinas”, relata a coordenadora de Articulação e Difusão (Coad) do IPAC, Carolina Passos. As ações resultaram ainda em nove roteiros de visitação, além de exposições na Chapada e em Salvador. Na segunda etapa, lançada em julho deste ano (2013), estão sendo promovidas escavações nos sítios e ações de educação patrimonial.
Para Etchevarne, as descobertas realizadas nas Paridas (ossos de animais, caramujos e objetos lascados) têm grande importância para estudar os povos que habitaram abrigos como este, capaz de alojar cerca de 12 pessoas. “A descoberta é fundamental, porque fala diretamente sobre a presença de grupos que fizeram as pinturas”, explica o especialista. Além disso, concentrações de carvões foram encontradas, o que denuncia a permanência de grupos humanos. Os carvões colhidos serão datados, em laboratório, por Carbono 14 (ver nota abaixo). Depois das pesquisas, o material retorna aos municípios. Um vídeo sobre as escavações está no link http://bit.ly/serradasparidas.
As Paridas possui pinturas rupestres que representam animais, vegetais, formas geométricas e humanas, feitas com pigmentos vermelhos e amarelos. O complexo é dotado de abrigos, paredões e locas próximas, unidas e que exigem tratamento especial, por formarem unidade de ocupação humana pré-colonial.
Arte Rupestre – Do latim rupes, que significa rochedo, a arte rupestre reúne vestígios, pinturas e desenhos deixados por populações pré-históricas e é considerada por especialistas em arqueologia como um dos mais importantes testemunhos do passado humano no planeta. Encontrada geralmente em abrigos, grutas e lajedos rochosos de várias partes do mundo, essa arte foi produzida por grupos humanos de caçadores, coletores, horticultores, agricultores e/ou pastores.
Carbono 14 O carbono-14, C14 ou radiocarbono é um isótopo radioativo natural do elemento carbono, recebendo esta numeração porque apresenta número de massa 14. Entre os cinco isótopos instáveis do carbono, o carbono-14 é aquele que apresenta a maior meia-vida, que é de aproximadamente 5 730 anos. Forma-se nas camadas superiores da atmosfera onde os átomos de nitrogênio-14 são bombardeados por neutrons contidos nos raios cósmicos. Quando o ser vivo morre inicia-se uma diminuição da quantidade de carbono-14 devido a sua desintegração radiativa. Como essa desintegração ocorre num período de meia-vida de 5730 anos é possível fazer a datação radiométrica de objetos ou materiais arqueológicos com idades dentro desta ordem de grandeza. O método não é por isso adequado à datação de fósseis que têm idades na casa dos milhões de anos e que são datados por métodos estratigráficos e por decaimento de outros elementos radioativos (com informações do Ipac)
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